Em momentos de instabilidade econômica, estruturar bem o capital de giro é uma das principais formas de proteger o comércio contra surpresas desagradáveis, e Edinei Jara de Oliveira destaca que não se trata apenas de “ter dinheiro em caixa”, mas de planejar quanto o negócio precisa para funcionar com segurança, mesmo quando as vendas oscilam ou os prazos apertam. Sem essa base, o comerciante fica mais vulnerável a atrasos, dívidas caras e perda de oportunidades.
Neste artigo, conceituamos o que é o capital de giro e como aplicá-lo, além de dar dicas de estratégias para seu comércio. Confira tudo a seguir!
O que é capital de giro no comércio e por que ele é tão estratégico?
Capital de giro é o conjunto de recursos necessários para manter o negócio funcionando no dia a dia: pagar fornecedores, folha de pagamento, aluguel, impostos, manutenção e demais despesas operacionais, enquanto o dinheiro das vendas ainda não entrou por completo. Segundo Edinei Jara de Oliveira, é como um colchão financeiro que sustenta o fluxo do negócio entre o momento em que o comerciante compra e o momento em que recebe.
Em tempos incertos, esse colchão precisa ser pensado com ainda mais cuidado. Oscilações de demanda, alterações de preços, mudanças em prazos de pagamento e juros mais altos podem desequilibrar o caixa rapidamente. Quando o capital de giro é insuficiente, o comerciante acaba recorrendo a empréstimos de curto prazo, muitas vezes caros, o que corrói as margens e compromete a saúde financeira.

Porém, como apresenta Edinei Jara de Oliveira, com um capital de giro bem estruturado permite que o comércio cumpra compromissos, mantenha boa reputação com fornecedores e tenha fôlego para aproveitar oportunidades, como compras com desconto ou ações promocionais bem planejadas. Ele é um indicador de robustez da gestão, não apenas um número no extrato bancário.
Como calcular a necessidade de capital de giro no comércio?
Antes de estruturar o capital de giro, é fundamental entender qual é a necessidade real do negócio. Edinei Jara de Oliveira explica que o ponto de partida é mapear os ciclos financeiros: o prazo médio de pagamento a fornecedores, o prazo médio de recebimento de clientes e o tempo médio em que o estoque permanece na loja. Esses três elementos mostram quanto tempo o dinheiro fica “preso” na operação.
Na prática, o comerciante deve listar todas as despesas fixas e variáveis do mês e cruzá-las com o fluxo de entrada de recursos. Se o negócio compra à vista e vende a prazo, por exemplo, haverá uma pressão maior sobre o capital de giro. Já se consegue negociar prazos mais longos com fornecedores e reduzir prazos de recebimento, a necessidade tende a ser menor.
É importante ressaltar que não é necessário começar com fórmulas complexas, uma boa planilha que registre datas de vencimento de contas, prazos de recebimento e volume de vendas por período já oferece uma visão clara. A partir desses dados, é possível estimar quanto o comércio precisa ter disponível para atravessar um mês típico sem atrasos, e ainda considerar uma margem de segurança para imprevistos.
Estratégias para estruturar capital de giro em tempos incertos
Com a necessidade estimada, entra a etapa de estruturação. Em cenários instáveis, a prioridade é combinar disciplina de caixa, renegociação de condições e uso responsável de crédito. Conforme evidencia Edinei Jara de Oliveira, o objetivo é reduzir o descompasso entre o momento de pagar e o momento de receber, ao mesmo tempo em que se evita comprometer o caixa com gastos não essenciais.
Algumas estratégias envolvem revisar o mix de produtos, dando preferência a itens com giro mais rápido e margens adequadas, o que contribui para liberar capital imobilizado em estoque. Outras envolvem ajustar políticas comerciais, como prazos e condições de pagamento, para incentivar o cliente a pagar mais rápido sem perder competitividade.
Alguns caminhos práticos para organizar esse capital de forma mais sólida incluem:
- Negociar prazos e condições com fornecedores: Ampliar prazos de pagamento ou obter condições parceladas para compras maiores ajuda a aliviar a pressão sobre o caixa. O comerciante pode buscar acordos em que os vencimentos dos fornecedores se aproximem do recebimento médio das vendas, reduzindo o período em que o capital precisa “cobrir o buraco”.
- Ajustar prazos e formas de pagamento aos clientes: Em tempos incertos, oferecer prazos muito longos pode ser arriscado. Avaliar o perfil de risco da clientela, incentivar pagamentos à vista com pequenos benefícios ou utilizar meios eletrônicos que antecipem recebíveis são alternativas para encurtar o ciclo financeiro. Com isso, cada segmento pode encontrar um equilíbrio entre competitividade e segurança.
- Controlar estoques com mais rigor: Estoque excessivo é capital parado. Planejar compras com base em histórico de vendas, evitando grandes lotes de produtos de baixa rotatividade, ajuda a liberar recursos. Ao mesmo tempo, manter estoques mínimos muito baixos pode gerar rupturas e perda de vendas. O equilíbrio passa por acompanhar de perto o giro de cada categoria.
- Criar uma reserva específica para capital de giro: Separar uma parte dos resultados para compor uma reserva exclusiva de capital de giro é uma prática saudável. Em vez de utilizar todo o lucro para retiradas ou investimentos de longo prazo, o comércio mantém um fundo que pode ser usado em períodos de queda de vendas ou aumento pontual de custos.
Uso responsável de crédito como complemento ao capital de giro
Em muitos casos, mesmo com boa organização interna, o comerciante precisa recorrer ao crédito para complementar o capital de giro, sobretudo em momentos de maior instabilidade econômica. Nesses casos, o ponto crítico é a responsabilidade na contratação. Tal como alude Edinei Jara de Oliveira, é fundamental comparar prazos, taxas e condições de diferentes linhas, evitando soluções de curto prazo com juros elevados.
Linhas específicas de capital de giro, antecipação de recebíveis e crédito direcionado ao comércio podem ser alternativas, desde que o valor e o prazo sejam compatíveis com a capacidade de pagamento do negócio. Contratar mais do que o necessário, ou por período maior que o ciclo financeiro real, pode transformar uma solução em problema.
Outra orientação importante é integrar o custo do crédito à formação de preço e à análise de margens. Se parte das vendas depende de financiamento, esse custo precisa ser considerado. Conforme frisa Edinei Jara de Oliveira, a transparência nessa avaliação evita surpresas e ajuda o gestor a decidir se vale a pena assumir o empréstimo ou se é melhor ajustar estoque, despesas e estratégias de venda.
Construindo disciplina financeira para sustentar o capital de giro
Por melhor que seja o planejamento inicial, o capital de giro só se mantém saudável se houver disciplina financeira. Isso inclui registrar diariamente entradas e saídas, acompanhar o fluxo de caixa, evitar retiradas excessivas para uso pessoal e revisar periodicamente as principais despesas. Um controle rigoroso ajuda a detectar desvios rapidamente, antes que se tornem problemas maiores.
Criar rotinas de análise semanal ou mensal, com foco em prazos, custos, margens e saldo de caixa, fortalece a tomada de decisão. Com o tempo, o comerciante passa a antecipar necessidades, como reforço de estoque em períodos de maior movimento ou renegociação de contratos em fases de retração. Edinei Jara de Oliveira considera que essa postura proativa é um diferencial em tempos incertos.
Em resumo, estruturar capital de giro no comércio em cenários de instabilidade exige conhecimento da realidade do negócio, organização de informações e disciplina no uso dos recursos. Ao combinar boas práticas de gestão, negociação estratégica com fornecedores e clientes e um uso cuidadoso de crédito, o comerciante constrói uma base financeira mais resistente. Assim, consegue atravessar períodos desafiadores com menos risco, preservar credibilidade no mercado e manter espaço para crescer quando as condições se tornam mais favoráveis.
Autor: Julya Matroxy

